Joanete
Joanete: o que há por trás da formação no pé?
O joanete ou halux valgo é uma deformidade que afeta a articulação na base do dedão do pé e causa uma protuberância óssea que pode resultar em dor e desconforto, principalmente ao usar calçados inadequados. Mais comum em mulheres, a condição pode ser agravada por fatores genéticos, hábitos diários e até problemas de saúde.
A verdade, porém, é que a ocorrência de joanete é multifatorial. “Pode ser provocado pelo uso excessivo de calçados inadequados e, também, por outras condições de saúde, como artrite reumatoide, sequelas de AVC, lesões neurológicas, pé chato e traumas prévios”, esclarece o ortopedista João de Oliveira Camargo Neto, sócio titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Como se forma
O joanete ocorre devido ao desalinhamento progressivo da articulação do hálux (dedo maior do pé), que leva à protuberância característica do quadro. Mas o que faz essa articulação desalinhar? Os principais fatores incluem:
Uso de calçados inadequados: os sapatos com salto alto ou bico fino são os principais vilões, porque aumentam a pressão nos dedos e acabam forçando o desalinhamento do dedão;
Condições prévias: doenças como artrite reumatoide e lesões neurológicas podem, por si só, enfraquecer a articulação e predispor ao problema;
Fatores genéticos: as mulheres com casos de joanete na família têm maior risco de desenvolver a deformidade por conta da hereditariedade;
Pé chato: neste caso, como toda a sola do pé toca o chão ao pisar, essa a condição altera a distribuição do peso nos pés e acaba por desalinhar;
Traumas: algumas lesões nos pés podem levar a alterações permanentes na estrutura óssea.
Sintomas e impacto na qualidade de vida
O joanete pode apresentar sintomas variados, dependendo do estágio da deformidade. Em casos leves, por exemplo, pode ser assintomática. Em estágios avançados, é comum que surjam alguns transtornos, como:
Dor e desconforto, principalmente ao caminhar ou usar calçados apertados;
Inflamação e vermelhidão na área da protuberância óssea;
Dificuldade para usar certos calçados, já que a pressão nos dedos se torna intolerável;
Rigidez articular, quando o movimento do dedão pode estar comprometido.
“O desconforto com o uso de calçados é uma das principais queixas que levam os pacientes a buscar tratamento”, observa o médico.
Como prevenir a joanete
Embora nem sempre seja possível evitar o desenvolvimento do joanete, especialmente em casos com predisposição genética, algumas medidas preventivas podem reduzir o risco ou minimizar sua gravidade, tais como:
Evitar o uso prolongado de salto alto e sapatos de bico fino;
Manter uma rotina de exercícios físicos regulares, que fortaleçam os músculos e articulações dos pés;
Escolher calçados confortáveis e de formato adequado, que garantam espaço para os dedos se moverem naturalmente;
Monitorar fatores de risco, visto que pessoas com histórico familiar devem ficar atentas logo aos primeiros sinais.
Tratamentos disponíveis
O tratamento para joanete ou hálux valgo varia conforme a gravidade e os sintomas apresentados. Se a condição estiver no estágio inicial, o manejo conservador é geralmente suficiente para aliviar o desconforto e até evitar que progrida.
Nesse primeiro momento, os médicos costumam considerar a troca de calçados para modelos ortopédicos, pois reduzem a pressão na área e dão mais conforto. Também podem optar pelo uso de órteses e espaçadores, conhecidos por ajudarem a alinhar o dedão e corrigir a postura do pé durante a caminhada. Ainda podem recorrer à fisioterapia, com exercícios para fortalecimento da musculatura, proporcionando melhoria à mobilidade articular.
Nos casos mais graves, em que a deformidade está avançada e a dor persiste, pode ser necessária a intervenção cirúrgica. “A cirurgia é indicada principalmente quando há desconforto severo ou o joanete limita o uso de calçados e a realização de atividades diárias”, explica o especialista.
Outro detalhe: apesar de frequentemente associado às questões estéticas, o joanete é uma condição médica que pode ter impacto significativo na mobilidade e na qualidade de vida do paciente. Por essa razão, é importante buscar orientação médica logo ao identificar os primeiros sinais.