Corrida
Mulheres já são maioria nas corridas, aponta pesquisa
A participação feminina nas corridas de rua tem crescido significativamente nos últimos anos. Segundo a pesquisa State of Running, de 2019, que analisou dados de 70 mil eventos em 193 países, pela primeira vez na história, o número de mulheres amadoras superou o de homens. Em 1986, apenas 20% dos corredores eram mulheres, mas em 2018 esse percentual subiu para 50,24%.
O crescimento, que continua evidente nas corridas, reflete não apenas a busca do público feminino por qualidade de vida, mas também a luta por igualdade de gêneros no esporte, sempre tido como um ambiente majoritariamente masculino.
"A corrida é uma prática acessível, que não exige grandes investimentos e proporciona benefícios físicos e mentais", destaca o especialista em treinamento esportivo Christian Zamprogna, do Estúdio Fly. De acordo com o profissional, as diferenças fisiológicas entre homens e mulheres impactam o treinamento e requerem adaptações.
"A anatomia feminina, principalmente nos membros inferiores, influencia a biomecânica da corrida", diz. Além disso, as flutuações hormonais, sobretudo durante o ciclo menstrual, fazem com que cada corredora responda de uma forma e precise de um planejamento individual.
Benefícios para a saúde
O esporte traz diversos benefícios para a saúde feminina, como:
Fortalecimento ósseo: essencial para prevenir osteoporose, comum após a menopausa;
Melhora da circulação sanguínea: auxilia na oxigenação do corpo;
Redução do risco de doenças cardíacas: fortalece o coração e ajuda no controle da pressão arterial;
Controle do diabetes tipo 2: corredores regulares têm menor risco da doença;
Bem-estar emocional: libera endorfinas e ajuda a reduzir sintomas de ansiedade e depressão;
Melhora do sono: regula o ciclo do sono e reduz a insônia;
Aceleração do metabolismo: contribui para a queima de gordura corporal.
Prevenção de lesões
Assim como em qualquer atividade física, a corrida exige alguns cuidados para evitar lesões, especialmente quando se é iniciante na prática. Nesse sentido, Christian Zamprogna recomenda:
Fortalecer os músculos para reduzir impactos nas articulações;
Variar o tipo de solo e adaptar-se a diferentes superfícies;
Realizar aquecimento adequado antes do treino;
Respeitar os limites do corpo, evitando exageros que possam levar a sobrecargas musculares.
Equipamento adequado faz diferença
A primeira decisão importante para correr é sobre qual calçado usar. Para isso, o especialista afirma ser essencial reconhecer o seu tipo de pisada – neutra, pronada ou supinada.
“Também deve-se usar tênis com amortecimento macio e caimento perfeito, nem muito justo, nem muito largo. Isso oferece mais conforto, ajuda a reduzir o impacto e proporciona uma sensação de suavidade”, ensina.
Já para as roupas, o importante é se sentir bem consigo mesma e estar confortável para a prática. Se for comprar peças esportivas, a indicação é avaliar se elas oferecem leveza, mobilidade e suporte adequado, principalmente para mulheres com busto maior. A sustentação fará toda a diferença.
A corrida como autocuidado
A paulista Giovanna Moura, de 26 anos, encontrou na corrida um caminho para melhorar sua saúde e bem-estar. "Engravidei e ganhei 20 kg. Meu médico recomendou atividade física, e minha terapeuta sugeriu a corrida para ajudar na depressão e ansiedade", conta.
O começo foi difícil: "Eu não tinha condicionamento, sentia falta de ar. Mas fui descobrindo meu ritmo". Com o tempo, os benefícios ficaram evidentes para a dona de casa. "Minha disposição melhorou e hoje consigo subir escadas sem ficar sem ar".
Apesar de desafios, como a pressão estética no meio esportivo, ela encontrou motivação na própria evolução. “Apenas comece! O começo não é a parte mais legal, mas o processo faz tudo valer a pena. Vão ter dias difíceis, a roupa não fica boa, o ar some, mas realmente melhora. A cada obstáculo que a gente supera dá aquela sensação de capacidade”, compartilha.
Entre as dicas de Giovanna para quem deseja se aventurar nas corridas, estão: protetor solar, roupas confortáveis, beber bastante água, meias de algodão e cabelos presos. Além disso, consultar um especialista e ter acompanhamento é fundamental.