Fricção e Impacto do Calçado
Usar calçados inadequados traz riscos à saúde do pé
A escolha do calçado ideal vai muito além da estética, já que sapatos inadequados podem trazer riscos à saúde dos pés, pernas e até da coluna e, consequentemente, afetar a mobilidade.
“Um modelo é impróprio quando não oferece suporte e amortecimento para a biomecânica do pé, levando a problemas variados”, explica o ortopedista e traumatologista Leonardo Quental, membro da The American Orthopaedic Foot and Ankle Society.
O que caracteriza um calçado inadequado?
Para ser adequado, o sapato precisa respeitar a anatomia do pé e oferecer suporte e conforto. Veja os principais fatores que o tornam inadequado:
Ser de material rígido ou sintético, pois aumenta a fricção e o suor, predispondo a bolhas e infecções;
Ter bico fino, solado reto e salto alto, três características que alteram a postura e sobrecarregam as articulações;
Estar muito apertado, já que tamanhos menores comprimem os dedos – principal causa de calosidades e unhas encravadas;
Não oferecer o amortecimento necessário.
De acordo com a podóloga Silvana Rocha, calçados apertados ou com bico fino, além de causarem calos e calosidades, aumentam o risco de deformidades nos pés, como joanetes e dedos em martelo. “Esses modelos também pressionam as unhas, facilitando infecções e inflamações”, alerta a especialista em atendimento humanizado.
Riscos à saúde
O uso prolongado de calçados que não respeitam a biomecânica pode causar problemas em diversas áreas do corpo:
Nos pés: calos, bolhas, unhas encravadas, joanetes e fascite plantar;
Nas pernas: dores musculares, fadiga, varizes e inchaço;
Na coluna: dores lombares, escoliose e até hérnia de disco;
Outras articulações, provocando dores nos joelhos e quadril.
Juntos, esses fatores são capazes de comprometer o alinhamento postural e a distribuição do peso corporal da pessoa.
Como escolher um calçado “saudável”
Para preservar a saúde dos pés, os profissionais sugerem os seguintes cuidados ao escolher os próximos calçados:
Checar se o calçado permite que os dedos se movam confortavelmente;
Optar por materiais naturais e respiráveis;
Escolher modelos que sigam o formato natural do pé e tenham bom suporte ao arco plantar;
Preferir solas com bom amortecimento para reduzir o impacto;
Saber que cada atividade requer um tipo específico de calçado;
Consultar um profissional, principalmente ao ter necessidades específicas que precisam de orientação.
A podóloga Silvana Rocha acrescenta ainda que reservar momentos para andar descalço, especialmente em superfícies naturais, ajuda a fortalecer a musculatura dos pés e melhorar a circulação. “Por outro lado, deve-se evitar superfícies duras para não sobrecarregar as articulações”, pontua.
Para aliviar o incômodo diário, a profissional orienta que, após o uso de calçados desconfortáveis, alguns cuidados ajudar a aliviar, como:
Massagear os pés para aliviar a tensão e melhorar a circulação;
Mergulhá-los em água morna com sal grosso e óleos essenciais para relaxar e reduzir o inchaço;
Hidratar a região, inclusive com produtos específicos para calos e calosidades.
Tratando os problemas
Se o efeito negativo do calçado foi mais avançado do que se espera, o ortopedista do que Nesse sentido, o ortopedista Leonardo Quental aponta formas conservadoras de tratamento, ou seja, que não requerem cirurgia:
Repousar;
Usar palmilhas;
Fazer fisioterapia;
Tomar medicação para dor e inflamação, sempre com orientação e prescrição médica.
Já as intervenções cirúrgicas se aplicam apenas aos quadros graves, como os de deformidades ósseas, que só podem ser corrigidas desta maneira. “O ideal é que os sintomas iniciais sejam investigados para evitar agravamentos”, ressalta o ortopedista e traumatologista.